“Critical” e “Uncritical Design” – as preocupações e desvalorizações

Estudos Contemporâneos em Design
Docente: Vitor Almeida

Exercício: Free Paper

Este exercício pretende familiarizar os alunos com o mundo académico dos estudos em design, mas sobretudo promover a reflexão sobre um tema escolhido, seguida da elaboração de uma contribuição original em forma de paper. Este paper pode, mas não tem de ser redigido com uma congregação académica ou não académica – conferência, congresso, workshop, curso, colóquio, etc – em mente. Deve, contudo, denotar a especialização do aluno num tema, autor, projecto ou contexto que seja do seu interesse e entre no campo dos estudos de design. Apesar de ser desenvolvido de forma individual, este exercício tem uma componente de interdependência entre alunos. Mais concretamente, cada aluno trabalha com outro, numa relação mútua de orientador-orientando. Cada par de alunos poderá trabalhar da forma mais estreita ou mais desligada que quiser; no mínimo, o orientador deverá ler o rascunho do paper do seu orientando, comentando-o e/ou editando-o, por escrito. Esta é a única interação entre os dois que deverá ficar registada para efeitos da conclusão do exercício

Abstract

O design situa-se num momento em que a falta de ideologia é a ideologia. Trata-se de um período despreocupado cujas causas sociais e políticas são inerentes ao design. É uma ideologia que, talvez inconscientemente, confunde e ignora o que a crítica em design afirma. Existe uma procura pela diferença, mas se a função ou destino social do design é a criação de diferença num mundo de crescente semelhança, como é que permanece a sensação de que o design carece de distinção e de direção?

Após o auge dos anos 1990 em que o design se apresentou como sendo uma disciplina importante – as transformações tecnológicas como a edição eletrónica e o surgimento da internet, provocaram muitas discussões e debates que formaram uma base para boa parte do discurso do design gráfico – este ficou confinado ao ecletismo da diferença definido pela variedade de estilos dentro do design gráfico que levou Andrew Blauvelt (“Slowly the debates [in the nineties] subsided. Any tension that may have existed among the factions eased and the Marketplace and academy embraced the eclecticism of difference”, Towards Critical Autonomy, or can Graphic Design Save Itself?) a conotá-la de pluralismo. Não interessa qual o estilo de design adotado mas sim a beleza desse estilo, bem como, nenhum estilo é dominante e nenhuma posição crítica é ortodoxa, afirma o crítico e curador do Walker Art Center.

A recusa do designer para assumir uma posição, por tomar uma atitude crítica, assume-se também como uma posição. Uma posição que nega o design, que o desvaloriza, o torna ambíguo e o define como um prestador de serviços para indústria.

É crucial reclamar uma posição de autonomia crítica no design, uma vez que é essa autonomia que permite o reconhecimento do design como uma matéria social e política com capacidade de mudança, isto é, com uma voz! É necessário lutar por um espaço crítico! Um espaço em que o designer possa investigar uma causa social, política e cultural.

 

 

 

Referências Bibliográficas

Beyond “Uncritical” Design – Simon Bowen

Critical Design FAQ – Dunne & Raby

Critical Everything – Francisco Laranjo

Critical of What? – Ramia Mazé

Avoiding the Post-Critical – Francisco Laranjo

Towards Critical Autonomy or Can Graphic Design Save itself? – Andrew Blauvelt

The Word of Task – Andrew Blauvelt

About Sofia Gralha

Currently studying for Master of Design Communication and New Media in Faculty of fine Arts at Lisbon. Available for freelancer jobs! Worked as Visual Communication Designer and Designer Chief on a marketing company at Guarda, Portugal - Plataforma Jota, for almost 3 years. Finished the undergraduate of Communication and Multimedia Design in College of Education of Coimbra, Portugal, at 2012. Attended the Erasmus Mobility Program in University of Portsmouth, UK, during 4 months. Held a internship in Menina Design Group at Porto, Portugal, during 3 months.

Um comentário

  1. Sugiro a seguinte alteração dos parágrafos e algumas correcções do texto:

    “O design situa-se num momento em que a falta de ideologia é a ideologia. Trata-se de um período despreocupado cujas causas sociais e políticas são inerentes ao design. É uma ideologia que, talvez inconscientemente, confunde e ignora o que a crítica em design afirma. Existe uma procura pela diferença, mas se a função ou destino social do design é a criação de diferença num mundo de crescente semelhança, como é que permanece a sensação de que o design carece de distinção e de direcção?

    Após o auge dos anos 1990 em que o design se apresentou como sendo uma disciplina importante – as transformações tecnológicas como a edição eletrónica e o surgimento da internet, provocaram muitas discussões e debates que formaram uma base para boa parte do discurso do design gráfico – este ficou confinado ao ecletismo da diferença definida pela variedade de estilos dentro do design gráfico que levou Andrew Blauvelt (citação) a conotá-la de pluralismo. Não interessa qual o estilo de design adotado mas sim a beleza desse estilo, bem como, nenhum estilo é dominante e nenhuma posição crítica é ortodoxa, afirma o crítico e curador do Walker Art Center.

    A preocupação por uma mudança no design, em que este deve reclamar uma posição de autonomia crítica, é crucial, no sentido que o Critical Design permite o reconhecimento do Design como uma matéria social e política com capacidade de mudança e, assim, afirmar-se como uma voz.

    A recusa do designer para assumir uma posição, por tomar uma atitude crítica, assume-se também como uma posição. Uma posição que nega o design, que o desvaloriza, o torna ambíguo e o define como um prestador de serviços para indústria.

    É necessário lutar por um espaço crítico! Um espaço em que o designer possa investigar uma causa social, política e cultural.”

    Acho que os dois últimos parágrafos poderão ser simplificados e melhorados.
    Até logo,
    Prof. Victor
    /

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